Introdução da Obra: História do Grande Oriente do Brasil – José Castellani e William de Almeida Carvalho – Madras Editora

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Quando o Brasil vivia momentos de grande transformação política, nos primeiros anos do século XIX, os maçons de hoje sequer haviam nascido, mas, naquela época, foram lançadas as primeiras sementes dos frutos que hoje podemos desfrutar graças ao espírito determinado dos Irmãos que se empenharam em implantar e difundir as bases da Maçonaria em terras brasileiras.

Podemos dizer que não existe história do Brasil sem a história da Ordem maçônica neste país. Há quem desconheça que a nossa Sublime Instituição teve participação ativa nos principais acontecimentos que mudaram os rumos dos fatos não apenas políticos, mas também sociais desta nação.

Foi justamente nessa época que ocorreu a criação do Grande Oriente do Brasil (GOB), e a Independência do nosso país do jugo de Portugal foi uma das primeiras intervenções efetivas da Maçonaria, sob o comando de Dom Pedro I, Grão-Mestre do GOB. Entre outros fatos históricos relevantes do Brasil que tiveram a participação da Ordem estão a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República.

Antes mesmo da fundação oficial das primeiras Lojas no Brasil, o país contava com a atuação de agrupamentos secretos que funcionavam de modo muito semelhante ao da Maçonaria. Funcionavam em uma espécie de clubes, ou academias, como era o caso do Areópago de Itambé, que teve Arruda Câmara como seu fundador, em 1796, na raia das províncias de Paraíba e Pernambuco. Acredita-se que, em 1802, foi a vez da Academia Suassuna, fundada também em Pernambuco.

A primeira Loja maçônica regular do Brasil de que se tem conhecimento é a Loja Reunião, fundada no Rio de Janeiro em 1801, embora saibamos que a primeira Loja brasileira seria a Cavaleiros da Luz, que surgiu nas águas da Bahia, em 1797, numa fragata francesa. Há também a evidência de que, em 1800, ocorreu a criação da Loa União, na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro.

Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro foram os Estados onde houve o desenvolvimento da Maçonaria com a criação de novas Lojas oficiais, que eram livres ou subordinadas ao Grande Oriente Lusitano ou do Grande Oriente da França.

A luta pelos ideais maçônicos em nosso país e pela conquista de independência vem de longa data, pois uma das mais importantes Lojas de nossa história, a Comércio e Artes, fundada em 1815, resistiu em filiar-se ao Grande Oriente Lusitano porque os Irmãos que a compunham tinham, desde o início, o intuito de criar uma Obediência brasileira.

Mas, dois anos depois, com o fracasso da Revolução Pernambucana, que pretendia implantar a República em Pernambuco, foi expedido o alvará de 30 de março de 1818, o qual proibia qualquer ação de sociedades secretas no Brasil. Não houve outra escolha para as Lojas atuantes a não ser findar os trabalhos, até que tivessem permissão para reabrirem em segurança. Ainda assim, os maçons prosseguiram secretamente suas ações no Clube da Resistência, que funcionava na residência do Irmão José Joaquim da Rocha.

Os rumos políticos do país fizeram com que a Maçonaria retomasse suas atividades, e teve início então o movimento que visava à independência do Brasil. Foi então que a Loja Comércio e Arte retomou seus trabalhos e foi reinstalada sob o nome de Loja Comércio e Artes na Idade do Ouro. Graças ao grande número de adesão, foi criada uma Obediência nacional em 17 de junho de 1822; era então fundado o Grande Oriente do Brasil (GOB), reavivando o ânimo dos homens de ideais maçônicos em nossas terras.

Com isso, Lojas foram surgindo, e os ideais e princípios maçônicos também se espalharam pelo território nacional. Muitas foram as barreiras enfrentadas pelos anos afora, mas a força maior que paira sobre nossos Templos permitiu que tanto nossos baluartes quanto os Irmãos do século XX não desistissem dos sublimes ideais de nossa Ordem. Muita coisa aconteceu desde que o GOB foi fundado, tanto na história da Maçonaria quanto na história do Brasil. Guerras, revoluções, conflitos diversos, perseguições, mas tudo foi sendo superado na medida em que os verdadeiros ideais eram preservados.

E cada um de nós que hoje faz parte dessa Sublime Instituição devemos nos inspirar da força e na coragem dos nossos Irmãos de Ordem, com sua tradição, e sem perder esse norte que nos conduziu até aqui. Hoje, a Maçonaria conta com representação em todos os Estados brasileiros e no Distrito Federal, onde se situa o nosso Poder Central. Sentimo-nos imensamente felizes por fazermos parte deste momento da história do GOB no Brasil, que atualmente é uma das maiores Potências da América Latina, com reconhecimento internacional em diversos países.

Hoje, muitos de nós somos personagens históricos no GOB, nossos feitos farão parte das páginas dos livros do amanhã, nas as gerações de maçons do futuro buscarão seus referenciais. Portanto, que não sejamos apenas uma figura ilustrativa, e sim protagonistas ativos, atuantes e contribuintes para o crescimento e o fortalecimento da Maçonaria brasileira.

E, para que o leitor possa conhecer toda a história do GOB, particularmente os maçons brasileiros, esta obra, História do Grande Oriente do Brasil, se constitui no mais atual compêndio literário da atualidade, apresentando as minúcias dessa trajetória do GOB em mais de 200 anos de existência. O livro é fruto do trabalho do querido e sempre respeitado Irmão José Castellani, hoje no Oriente Eterno, que cedeu os direitos do seu texto nesta obra ao GOB, inserido na Parte I, e do Irmão William Almeida de Carvalho, que se dedicou em reunir um farto material em sua pesquisa, a qual integra a Parte II. Ele, da mesma forma, cedeu os seus direitos ao GOB.

Foi com muita alegria que recebemos a notícia do lançamento desta obra, justamente agora que estamos à frente do Grande Oriente do Brasil, o que muito nos honra neste momento. Trata-se de uma ferramenta indispensável a todos os Irmãos para seus estudos e pesquisas.

 

Marcos José da Silva

Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil – GOB

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